O necessário e um pouco mais.

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Movimento

A vida é movimento.
O movimento que começa antes e termina depois do avanço dos ponteiros de relógios, dividindo o que já foi do que ainda está por vir. Movimento é ir – quando ficar já não basta para mudar o que é preciso. Uns dias de chuva; outros, de sol – e todos de paz. Tem dias de luta – todos – e tem dias de descanso, pra reduzir o movimento e aproveitar o que cada momento traz, como caminhar devagar e perceber paisagens que sempre estiveram lá, onde a nossa pressa nunca alcança. Avança e vai – o movimento é a sorte anunciando o que vem depois da coragem, depois da curva da serra, depois da paisagem, depois da passagem, depois da noite de clamor, depois da prova de amor, depois da cicatriz sem dor, depois de depois… Movimento é rir de tudo e vigiar o mundo com o sol, dia e noite, luz e calor… Gira o mundo, gira tudo, giramundo, ponteiros inteiros fragmentando o tempo o tempo todo ao sabor do vento, lento… Um segundo muda tudo, muda o tempo; um sorriso muda todos, muda o momento… O movimento é ir, sorrir,… Agora.

Girassol

… para todos os dias de sol: girassol. Um girassol da cor do seu espelho, refletindo luzes e cores em sorrisos – e amores de amora, porque amar é agora. Entardecer amarelo cor de manga, amor é miçanga, pitanga colhida no pé… Para todos os dias de chuva: uva. Transbordando em taças, o vinho, o ninho do saber, o tino do sabor, calor. Sol. Girassol. Mol é um pensamento, uma alma calma, uma verdade pura, uma doçura crua, uma vontade de ser pra estar e ficar. Anoitecer e amanhecer lá onde finda e renasce o sol, todos os dias. Agonia na espera; alegria na esfera do abraço, do (re)encontro, do conto nunca escrito para contar sobre amar. Mal de amor é não amar, como girassol sem sol. Quanto pesa o amor em mol? Quanto pesa o sol? Gira, giramundo, gira o mundo, gira tudo, carrossel na cabeça, pião no coração, liquidificador… Gira ao sabor do vento, a mercê do tempo…
Girassol…

Roda

Brincadeira de roda: roda de moda de viola ao pé da fogueira, dia de sexta-feira pra comer besteiras enquanto roda canais como quem folheia jornais com as mesmas notícias frescas. Roda, roda até cair de bunda no chão e rir que nem criança nessa dança das cadeiras que é vida, em que está na moda ser como a alegria de girassóis até encontrar aceitação na luz, mesmo sem (se) perceber. Luz de farol que roda além-mar até alcançar perdidos nas cidades e nas rodas de amigos, copos, carros, umbigos, corpos, ambíguos… Está na roda do jogo da verdade o desafio de responder à qualquer pergunta – ou a capacidade de saber todas as respostas. Roda a garrafa! Roda na mesa a aposta: quanto tempo ainda se tem para blefar? Roda ao som do carrossel da caixa de música, num lapso do silêncio que ecoa e roda o mundo junto com o choro de um bebê… Está no grito da incoerência de quem roda a roleta de emoções premiadas, numa ansiedade de redemoinhos, com o equilíbrio de um pião… Roda um filme ao contrário por arrependimento e rebobina tempos de outrora, senta em roda e reconta histórias – e depois devolve às prateleiras de coleções de memórias e poeiras, esquecidas… Roda a roleta russa de convicções e redundâncias. A mente roda como um furacão; os pensamentos, um tufão; as verdades, um ciclone. Roda o mundo em prosa pela rosa dos ventos em busca de sentido(s), pra onde aponta essa bússola com o coração na ponta da agulha… Roda mudo o ponteiro dos segundos com pouca corda e mais tempo, lento, calmo… Roda o moinho de cata vento que moeu grãos de trigo que a lida fez pão para dar vida e partilha à mesa, na ceia do artesão de tudo, que do nada fez o mundo, deu luz à escuridão, da natureza fez mãe, de onde do barro fez vasos na roda dessa olaria, pra água e vinho, pra flores e amores… Tudo e todo mundo num segundo roda pra reinventar a roda… da vida.

Lapso

Entre enganos e descuidos, verdades infinitas pintam novos horizontes, sem acompanhar as formas das nuvens, nem as nuances do céu, da noite, nem anseios, nem futuros dilatando as pupilas… Sem vela, sem espera. Dias passam como coletivos cheios de gente indo e vindo, sempre voltando de algum lugar, sempre em busca de algo, sempre na espera de alguém, sempre a mercê de olhares estranhos de estranhos… Rumos diversos para universos inversos, onde destinos nem sempre são talhados e por vezes apenas acontecem, no suceder de uns de repentes, que nem sempre rimam com a vida: linda fingida de bandida para fugir; tela rabiscada de carvão a colorir; medo tingido de desejo por arder; fé blindada por batalhas a vencer; sonhos dissipados em planos de paixão; realidade na areia aos ventos da ilusão… Ida ali para voltar daqui a pouco. Logo ali mesmo… Muitos já partiram; uns não vão voltar. Alguns estão indo; outros, vão chegar. Tem quem está chegando e quem ainda vai chegar.

Há mar no deserto...

Há mar

… porque o mundo cabe num abraço. E isso basta. Pensamentos pulsando como as batidas do coração. Uma pausa para o comum aos lábios, uma verdade ao que é sublime aos sábios e uma causa que sempre talhou universos imensos em intensos… Movimento de mar no olhar e calor de vulcão na boca. Uma doce e louca vontade de ter vontade. Um silêncio sereno desses de não fazer nada além de ouvir o corpo respirar… Entre a dúvida e a dádiva um hiato de medo de sonhar em tempos que realizar doi mais que se lançar num deserto a própria sorte. A mente desagua, o corpo esquenta, o coração flui entre espaços e enlaços até a boca secar… Desertos incertos de jornadas cheias de vazios… A dúvida é a dádiva. Há mar no deserto. Amar no deserto.

Jogo

… e tem aqueles dias que tentam furtar a nossa paz… tentam.
Cerveja, futebol, churrasco, fliperama, bilhar, brilhar… Segue o jogo da vida, da lida… É vivendo e aprendendo a jogar mesmo – e a talhar essa arte muito requintada de meter um loco e tocar um lindo f_ _ _-se para tudo e todos que não fazem bem. Não tem nada de poesia nisso. Na-di-ca. É uma atitude simples, direta, reta, sem curvas, sem marcha ré. Seguimos, em sentidos opostos, dispostos a fazer valer o que tem que ser e o que realmente importa – porque a vida é uma só. Só. E isso basta. Não podemos permitir que nada e nem ninguém nos furte o tempo que podemos dedicar a coisas e pessoas que realmente importam e fazem uma diferença positiva em nossa vida. E isso precisa ser recíproco e verdadeiro. Em algum momento, no final do dia ou da vida, a gente vai perceber no calendário, no relógio, nos joelhos ou no espelho, o que realmente vale e valeu a pena… Com sorte – e uma memória boa – poderemos sentir a tranquilidade de ter tentado, o prazer de ter conseguido ou mesmo o arrependimento de ter desistido… Qual será a nossa sorte ou quando será a nossa morte, nunca saberemos… Entretanto, e hoje? E agora? Daqui a pouco não nos pertence, sabemos. Nem sempre a gente perde, nem sempre a gente vence; sempre a gente tenta. Tenta… Erra, acerta, mas tenta… Tenta mesmo quando desistir é uma tentação… Nunca. Não. Ação! Força no corpo, na mente, na alma e paz – muita paz! – no coração. Ah, e um lindo f_ _ _-se! E basta.
(Complete a frase e seja feliz!)
#Paz

Insídia

O que é a espera para quem espera por quem não vem? O que nos tornamos quando esperamos por coisas que não vão acontecer? Alguém já sabe o que há de ser da espera, tanta, e desse tempo que passa sem respeitar o que sentimos. E qual seria o sentido dessas tantas esperas que cultivamos nesta – ou numa outra – vida? Esperamos pelo amor, nunca pela dor da falta. Esperamos pelos gritos de gol, jamais pelas vaias da derrota. Esperamos um bater na porta de inesperada visita boa de fim de tarde, com café e boa conversa, mas nunca estaremos preparados para quem toca a campanhia e sai correndo…

Esperamos por outra(s) vida(s) e nem sempre percebemos que os cinco minutos seguintes já não nos pertence mais. Esperamos uma música de rádio nos trazer lembranças de quem está distante nos pegar de supresa, mas jamais esperamos pela grata surpresa desse alguém aparecer no portão ou mandar um cartão postal… Esperamos. Esperamos pela mensagem na garrafa que cruza oceanos, nem sempre por um abraço. Esperamos por perdão, pelo trem, por tardes de sol e chuva em dias de casamentos. Esperamos por trocas, esse escambo de vontades e emoções, no entanto nunca sabemos negociar com o tempo. O tempo que não espera a nossa espera; passa. Passou. Passará… Esperamos a vida inteira por pessoas, coisas, situações, histórias… que não vêm, nunca virão.

E uma certa saudade encosta e nos faz companhia… e o tempo, ri.

Ressentido

Perdemos – e nos perdemos buscando encontrar perguntas que justifiquem as respostas em que acreditamos. Não temos pra onde ir e precisamos seguir mesmo assim desbravando emoções, pisando em ovos e corações. Nada passa mas passa a fazer sentido: ter sentido. Vivemos. Sentimos. Perdemos.

Perseguimos desejos que não fomos ensinados a lidar, sonhamos sonhos que nem sempre temos a capacidade de realizar e buscamos o amor sem nem contemplar o alvorecer.
O que vai ser quando o tempo passar?
Onde vamos estar quando invernos e segundos trouxerem neve para a nossa cabeça?

Deixa.
Deixa como está, mas a gente precisa parar.
Existe um iato tênue entre um instante e mais uma foto na estante, sobre o piano ou em mais um documento – novo, de novo. A gente meio que se acostumou a… perder.
Perder documento, acontece; perder um amor pra vida, também.
Sem documento e sem lenço.

Perdemos o trem, o plumo e os planos. Seguimos em frente percebendo a cidade envelhecer e a vida trazendo outros rumos.
Segunda via, lenços de papel, lágrimas recicláveis, esquinas, placas, olhos, terminais, festas, frestas, sinais… A gente só precisa parar e observar…

Gavetas

Com ninguém. Coração fica na mão: batata quente, ouriço que secou na areia longe das ondas, barbante segurando a força do balão de ganhar céus, destino errante nas rédeas do peão no bordel, belezas ocultas sob véus, uma puta falta de vontade de sonhar, de voltar e crer no fim do arco-íris [e na verdade do brilho da iris]. Enfim, fica em vão, de peito vazio. Fica no chão entre cacos e saltos [altos] ao som de fim de festa – copos quebrados e pés descalços. Fica no vão entre as coisas que esquecemos e as que jamais esqueceremos – como lugares onde nunca mais voltamos, mas sabemos que [para] sempre estarão lá… Fica na vontade de revirar gavetas, libertar a caneta, o verbo, o credo, tretas e ter n’alguma coisa menos triste o destino em riste te esperando pra tentar – porque a vida é isso: todos os dias tentamos. Somos culpados, o tempo aponta o lápis para escrever outras linhas e na outra ponta não tem borracha. Porque essa rinha tinha que acabar. Agora, fica esse tal coração e uma lista de coisas para encaixotar.

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