O necessário e um pouco mais.

Autor: Sergio França Page 3 of 12

Menor

Vivemos o amor tão estranho
Sofrimento é só dor sem cura
A infelicidade de depois…
… é dor agora!

Já são duas da manhã:
Esperando o amanhã,
Esperando o sol brilhar,
Esperando…
Esperando… você chegar.

Um lamento,
Mil tormentos:
Sonhar com você.
Acordar sem você..

Você se foi…
Agora, o depois:
Adeus!
Amém.

Semana

… a cidade amanhece, cafés, atrasos, boletos, boletins, nãos e sins – pecados e milagres se misturam e se versam. Silhueta nas sombras, cornetas no silêncio, cometas no átrio entre solidões imensas e mais intensas. Sinais, faróis, girassóis e silêncios. Dia de semana sem gana, sem grana, sem fama, sem o que fazer pra trazer mais vida pra essa lida. Amanhecer na cidade e romper solidões como sol rompe as frestas da janelas de leitos vazios, sem dores, sem solidão… Dia de semana sem muito mais do que a janela para abrir e um resto de sol para entrar…

Cor

Cinzas de fotografias,
queimando histórias pelo ar.

Cinzas de toda cidade,
de memórias de amar,
de cinzeiros de conversas,
de promessas de amor,
de celeiro de promessas,
saudades,
dor,
cinzas…
cor…

Mais

Lâmpadas elétricas – suspensas por um infinito de fios que se conectam. De onde vem a sua luz? A sua energia? Quais são as conexões que te dão força e luz? O nosso destino nós conduz por caminhos já escolhidos, dizem – mas ainda assim, é nossa a verdade de escolher por quais seguir e até onde e quando…e com quem… Pensando em cores e carnavais, temos, talvez, mais tempo para sermos mais e mais espaço para nós tornamos maiores e melhores. O tempo é um senhor aposentado ainda cheio das prioridades que nunca passam, sentando numa estação de trem observando um relógio gigante e as pessoas… passando O tempo que acendemos a luz da sala, a alegria na fala que clama por mais… Mais. Mais. Mais. Mais tempo para fazer coisas que, parecem-nos,, nunca tivemos tempo para fazer, para estar, para ser…

Lâmpadas

… lua cheia, luz vazia, rua fria em pleno calor. Primaveras se repetem em músicas do Tim – porque o melhor do amor é o que fica depois do fim: o próprio. As dores do mundo não cessam – e para algumas não há remédio além do tédio de esperar. Esperar… A vida, essa playlist cheia de alma – se acalma; amores e mares também e refletem as luzes… Estrelas, lâmpadas elétricas suspensas pelo infinito – e numa lágrima improvisada cabe um milhão de histórias em órbita da lua… Ah, a lua… A lua e eu…

Cinza(as)

… cinzas de fotografias, fumaças de histórias pelo ar. Cinza de toda a cidade, de memórias de amar, de cinzeiros de conversas, de promessas de mudar… A luta diária é bruta, como uma flor que resiste, insiste em alcançar o sol, cresce e suas raízes rompem entulho de coisas pra sobreviver. Pra sobreviver. A alma grita… em silêncio enquanto o tempo lentamente vai talhando marcas nas mãos e no peito. Foi feito de ferro; nunca foi caule de flor. Água e sol – e o sagrado fruto do trabalho -, era o que tinha e mantinha a força que lhe dava fé. Alma não tem cor – tem cores. No corpo, o cinza das cidades, de memórias, sem amor… dor. Fim de história: água e sol. Lutar por hoje; orar por amanhã.

Triz

“… a gente só queria ser feliz – e foi… “

Canção

… com quem fica o coração? Quem afina o violão? Quem é o vilão? Ninguém. É só você mesmo contra a sua própria sombra – e as sobras de futuros esquecidos, sucumbidos por passados que não passaram, que não passam, que não cessam… Deixa estar. Vai caminhar e ver o dia passar diferente – como se estivesse emoldurado pela janela de um trem que só anda sobre os trilhos. Viagem leve e tranquila mesmo com atritos de ferros. Deixar estar e vai ver o dia entardecer a mente e amolecer o corpo, derretendo geleiras de fel e solidão – como se o calor já não forjasse espadas para fincar nos campos de batalha da alma. Deixa estar e vai ver a vida passando, passando, como coletivo rumo ao um infinito onde espelhos refletem a luz que há em você e iluminam o túnel e o alento pro espírito. Deixa estar e sente que os lamentos saíram das garrafas e se dissiparam nos mares por onde bate o sol. Deixa estar e vai tentar alguma coisa nova pra fazer a vida nova de novo – pode começar com um ovo mexido no pão com café levado ao pé da cama, com cheiro de manhã de maçãs, que inflama e ninguém mais lembra ou reclama da lama que teve que varrer do coração… Estranha – e linda – terça-feira a maneira como o sol abraçou meu violão. Cordas novas: tensão. Sorte nova: tesão. Nem moço ou vilão, farol costeiro. Forasteiro de emoções sem data de validade… Deixa estar. Deixa estar…

Há mar no deserto...

Há mar

… porque o mundo cabe num abraço. E isso basta. Pensamentos pulsando como as batidas do coração. Uma pausa para o comum aos lábios, uma verdade ao que é sublime aos sábios e uma causa que sempre talhou universos imensos em intensos… Movimento de mar no olhar e calor de vulcão na boca. Uma doce e louca vontade de ter vontade. Um silêncio sereno desses de não fazer nada além de ouvir o corpo respirar… Entre a dúvida e a dádiva um hiato de medo de sonhar em tempos que realizar doi mais que se lançar num deserto a própria sorte. A mente desagua, o corpo esquenta, o coração flui entre espaços e enlaços até a boca secar… Desertos incertos de jornadas cheias de vazios… A dúvida é a dádiva. Há mar no deserto. Amar no deserto.

Vida

Domingo elegante, caminhar leve, passos firmes. Alma de gigante como rios das vistas desaguando em oceanos no coração. O som da sombra remetia à uma certa cadência das malemolências de um passado destemido das maledicências do mundo surdo. Por isso, já foi ao fundo do poço umas poucas vezes – e chegou até soltar a corda e se esquecer dos caminhos de volta. Mas quando acorda, olha pro alto, sente a luz, agarra nuns fiapos de corda e escala… Quando saiu de lá provou do mais pronfundo amor. Tinha talhado com as próprias mãos o presente futuro em que teve coragem e disposição para se dar vários presentes e estar presente onde e quando lhe fizesse sorrir. Tinha ainda talhado nas mãos histórias que escreveu a sangue e suor, pois foi assim que regou os frutos sagrados do trabalho. Pés e espíritos cansados demais para uma mente sã, mas naquela altura já podia suportar muito mais do que sua fé era capaz de transformar. Tarde vã, de manhã sem café – ou cachaça – pro santo, só queria mesmo caminhar pelas ruas sem pensar tanto nas dores da vida. Acordou sorrindo pensando nas delícias da vida, fez um bom café – quente, gostoso, cheiroso, como uma boa mulher -, vestiu o seu melhor terno e saiu por aí pra encontrar uma bela e jovem donzela que cortejada todos os dias… a vida.

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