O necessário e um pouco mais.

Autor: Sergio França Page 2 of 13

Paz

A saudade entrega
Paz de primaveras
Um som de festa:
Cantam pescadores

A verdade presta
As de muitas eras
Um tom de pressa
Gritam nossas dores

Faz de conta que foi
Todo mal espera
O bom do amor
Curam nossas dores

Amores vem e vão
Fica o coração
Ficam fotos
Copos vazios
Abraços tardios
O sim foi em vão
O fim é um não

Enfim

É sobre jardins e navios; não sobre o amor

Flores não nascem na areia
Amores não resistem sem perdão
A força do mar está nas ondas;
A dor de amar, no coração…

Perdoa, é muito amor pra pouco (a)mar
Não nego não saber o dom do (a)mar

Dores são como grãos de areia
Abarcam mares com tanta paixão
O cheiro da flor está nas velas
Dos navios sem cais, na ilusão…

Perdoa, é muito amor pra pouco (a)mar
Navego sem saber o bom do (a)mar

Sinto… sofrer de amor não é o fim de tudo
Já cruzei mil mares até um fim do mundo
Já sorri diante de tantas maldades
O que é viver sem ter você?

Sinto… o meu mundo pode acabar agora
Já amei por muitas vidas nessa história
Já chorei demais de tanta felicidade
Vou cuidar do meu jardim…

Fim

Ainda é madrugada
Sigo a mesma estrada
Procurando uma festa
O vilão e o violão
Brincam e brigam
Pra falar da mesma dor

A saudade que ficou fez estrago

Já era a madrugada
Saio na mesma entrada
Vou catando o que me resta
A alma e a emoção
Cantam e dançam
Ao sentir o mesmo amor

A saudade que ficou fez estrago

Por que você não vem me achar?
Por que você não vem me buscar?
Por que você não vem me salvar?
Por que você nao vem me amar?
Por que?…

Eu fico rouco de gritar seu nome
Eu fico louco de buscar seu clone
Me reduzo, me recuso, me iludo…
Eu sou o fim da festa.

Só morro sentiu bem a tristeza
Argila nunca será a montanha
Esgotou-se subindo os vales
A completa falta de destreza
O que uma despedida preza
Que a sorte derradeira reza
O findar de uma só certeza
O duro fim de uma realeza
Dançar numa valsa abaixo
O pó era só um vazo raso
Nos ventos de pó e morte
Feroz golpe baixo da vida
A nobreza dessa lida a só
Desterro é desfazer o pó
Desatar os mesmos nós
Destino sem sorte e só
Ventam mais lamentos
Beijam os tormentos
Secam na luz do sol
Descompassos nús
Decadência tardia
Era fim de tarde
Foi a maldade
Foi a relevia
Sangrando
Revoltado
Remido
Caindo
Sentiu
Golpe
Caído
Doeu
Feriu
Bem
Foi




..
.

Naufrágios

o marujo perde o amor
em um dia de janeiro
sofre e chora o ano inteiro
e esquece o bom de amar

o marujo sente a dor
foi-se nobre companheiro
canta e reza ao padroeiro
sua fé no dom do mar

o marujo quer sonhar
que a noite é passageiro
pro destino derradeiro
entre estrelas e o luar

o marujo quer voar
o lindo céu de brigadeiro
sábio mestre foi guerreiro
navegando pelo ar

marejou olhando o mar

renasceu no alvorecer

entardeceu junto com o sol

anoiteceu no luar

o amor

a dor

a sorte

ensinaram a sonhar

[sfz] Sergo França

Chega!

Eu cheguei para avisar
Que aqui é o meu lugar
Eu vim de longe
Eu vim de longe
O passado não é meu lugar

Dois

Tormento sagrado
Rabisca espelhos
Batons vermelhos
Lugares fechados
Desejo estancado
Recados mandados
Olhares flexados
Reflexos selados
Desejuns gelados
Alimentos suados
Joelhos dobrados
Corpos trançados
Ardor descuidado
Dons desatinados
Lençois molhados
Desejo consumado
Minuto consumido
Segundos parados
Ponteiro inimigo
Pensamento velho
Sentimento alado
Tormento sagrado
Amores revalados
Dois apaixonados

Movimento

A vida é movimento.
O movimento que começa antes e termina depois do avanço dos ponteiros de relógios, dividindo o que já foi do que ainda está por vir. Movimento é ir – quando ficar já não basta para mudar o que é preciso. Uns dias de chuva; outros, de sol – e todos de paz. Tem dias de luta – todos – e tem dias de descanso, pra reduzir o movimento e aproveitar o que cada momento traz, como caminhar devagar e perceber paisagens que sempre estiveram lá, onde a nossa pressa nunca alcança. Avança e vai – o movimento é a sorte anunciando o que vem depois da coragem, depois da curva da serra, depois da paisagem, depois da passagem, depois da noite de clamor, depois da prova de amor, depois da cicatriz sem dor, depois de depois… Movimento é rir de tudo e vigiar o mundo com o sol, dia e noite, luz e calor… Gira o mundo, gira tudo, giramundo, ponteiros inteiros fragmentando o tempo o tempo todo ao sabor do vento, lento… Um segundo muda tudo, muda o tempo; um sorriso muda todos, muda o momento… O movimento é ir, sorrir,… Agora.

Canção

… a saudade poderia ser um final de domingo a tarde, mas caiu numa quarta, meio da semana mesmo, no meio do peito, sem jeito, sem pleito… A cidade quase querendo garoar sobre esses jardins cinzentos; outros quase querendo qualquer coisa pra se arrepender daqui a pouco. Doses, vozes, acordes, partituras que nunca serão escritas para musicar histórias que nunca serão lembradas. Saudade é fogo; amor, são cinzas – como a cidade. Saudades de lugares errantes, vaidade em sorrisos distantes… Mais um trago – e um cigarro. Já não liga para o troco, deixa para – quem sabe – uma próxima, ou ainda, de gorjeta pr’o garçom. Era muita tristeza para um só copo americado. Deu dó. E ele deu um dó menor pra cantar a saudade. Vaidade de poeta ou tristeza de profeta, passado e futuro, presente nas cordas do violão, nas cores de uma canção, nas dores de um coração pulsando em dó sustenido menor…
C#m

Girassol

… para todos os dias de sol: girassol. Um girassol da cor do seu espelho, refletindo luzes e cores em sorrisos – e amores de amora, porque amar é agora. Entardecer amarelo cor de manga, amor é miçanga, pitanga colhida no pé… Para todos os dias de chuva: uva. Transbordando em taças, o vinho, o ninho do saber, o tino do sabor, calor. Sol. Girassol. Mol é um pensamento, uma alma calma, uma verdade pura, uma doçura crua, uma vontade de ser pra estar e ficar. Anoitecer e amanhecer lá onde finda e renasce o sol, todos os dias. Agonia na espera; alegria na esfera do abraço, do (re)encontro, do conto nunca escrito para contar sobre amar. Mal de amor é não amar, como girassol sem sol. Quanto pesa o amor em mol? Quanto pesa o sol? Gira, giramundo, gira o mundo, gira tudo, carrossel na cabeça, pião no coração, liquidificador… Gira ao sabor do vento, a mercê do tempo…
Girassol…

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