Uma sensação estranha e doce por perceber a vida num certo descompasso entre o tempo e o momento: o tempo parece estar passando no seu tempo; o momento padece em lembranças mais curtas. Estamos encontrando mais tempo pra coisas para as quais nunca tínhamos tempo – desde que chegou o momento de usar o tempo que se tinha a mais… Pára. Para pra pensar: para de pensar. Pensar é penar. Pensar é um étero viver sem saber onde se vai chegar… Quando se vai… Quando se vai estar… Precisamos perceber… Por que agora existe beleza onde parece nunca ter existido? Perceber… Dar ouvidos mais atentos a quem fala e olhos mais focados no que se vê… Não temos todo o tempo do mundo, pois até o mundo é finito; o tempo, não. O infiito é um momento qualquer que existe quando a gente encontra no tempo o instante em que a simplicidade se revela bela, nas coisas que nem sempre tivemos tempo pra perceber, ver, sentir, ouvir, falar… ser. Fluir. Flutuar. Planar. Voar… Insensata loucura essa doçura de divagar devagar como quem dança com a lucidez… Talvez, esta equação bruta de prever o voar de borboletas nessa disparidade de contexto e conceitos em que está o mundo – cheios de universos soltos, loucos, roucos de gritar por amanhãs… Somos universos onde o tempo e o momento se corrompem e se conjugam, como átomos em atrito… Bebemos desse licor de éter e, embriagados, buscamos o que ainda não encontramos…
Ser o tempo e estar no momento; estar no tempo e ser o momento. Só.