O necessário e um pouco mais.

Categoria: Poesia

Dois

Tormento sagrado
Rabisca espelhos
Batons vermelhos
Lugares fechados
Desejo estancado
Recados mandados
Olhares flexados
Reflexos selados
Desejuns gelados
Alimentos suados
Joelhos dobrados
Corpos trançados
Ardor descuidado
Dons desatinados
Lençois molhados
Desejo consumado
Minuto consumido
Segundos parados
Ponteiro inimigo
Pensamento velho
Sentimento alado
Tormento sagrado
Amores revalados
Dois apaixonados

Fadário

Mil histórias, um destino
Muitos lugares, nenhum lar
Paixões perenes, um amor
Memórias feitas pra lembrar

O tempo passa, a vida voa
Não teve tempo de esperar
A esperança foi na frente
Abriu caminhos pra sonhar

Subiu montanhas sem destino
Saltou das pedras para o mar
Correu a pé pelos instintos
E viu a vida transformar

Quando a verdade fez sentido
Sentiu as pernas balançar
Não tinha medo do acaso
Pois já podia acreditar

Trilhou em paz o seu caminho
Venceu mil guerras sem lutar
Era só esse o seu destino
História escrita pra contar

Talhou na sorte o seu destino
Sentiu amor ao se encontrar
Amou com todo o coração
Viveu mil vidas para amar

Seguiu a fé pelos caminhos
Foi devagar sem divagar
Quão leve e belo o seu destino
De quem nasceu só para amar

Uma história, mil destinos
Muitos lugares em um lar
Lições eternas de amor
De quem nasceu para amar

Menor

Vivemos o amor tão estranho
Sofrimento é só dor sem cura
A infelicidade de depois…
… é dor agora!

Já são duas da manhã:
Esperando o amanhã,
Esperando o sol brilhar,
Esperando…
Esperando… você chegar.

Um lamento,
Mil tormentos:
Sonhar com você.
Acordar sem você..

Você se foi…
Agora, o depois:
Adeus!
Amém.

Cor

Cinzas de fotografias,
queimando histórias pelo ar.

Cinzas de toda cidade,
de memórias de amar,
de cinzeiros de conversas,
de promessas de amor,
de celeiro de promessas,
saudades,
dor,
cinzas…
cor…

Trillos

Meia-noite e cinco
Vamos embora ou perderemos o metrô.
(Chegou a hora do que era amor voltar a ser dor.)
Dor de saudade, dor que não passa
Passa metrô, passa. Passou.
E agora que já é tarde para viver o tempo que não tivemos para entender o que não sabíamos como que viria a ser.
Agora é. Agora tarde. Agora é triste. Agora é medo.
 – Que maldade! Mas, amor não tem idade, não morre de velhice, não termina assim.
Não  nasce, acontece. Não some, permanece. Não grita, enlouquece.
Não se esconde, nem se envaidece. Mente um pouco, finge de louco.
A noite passa e mais um metrô vem  e você nem pensa em me deixar.
Vamos embora, dói mas vai passar, como outro metro que vai chegar e partir
Como outra partida de sinuca, como outra cerveja sobre a mesa.
Não vamos deixar esquentar – a cerveja, não. Quente  só a cama, o chuveiro, o café.
Pois é. Mais um metro vai passar cheio de gente apressada e esquisita – e que não sabe do nosso amor, pois nunca entenderiam que até a nossa dor também é amor.
Amor que não passa como metro…

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