Só morro sentiu bem a tristeza
Argila nunca será a montanha
Esgotou-se subindo os vales
A completa falta de destreza
O que uma despedida preza
Que a sorte derradeira reza
O findar de uma só certeza
O duro fim de uma realeza
Dançar numa valsa abaixo
O pó era só um vazo raso
Nos ventos de pó e morte
Feroz golpe baixo da vida
A nobreza dessa lida a só
Desterro é desfazer o pó
Desatar os mesmos nós
Destino sem sorte e só
Ventam mais lamentos
Beijam os tormentos
Secam na luz do sol
Descompassos nús
Decadência tardia
Era fim de tarde
Foi a maldade
Foi a relevia
Sangrando
Revoltado
Remido
Caindo
Sentiu
Golpe
Caído
Doeu
Feriu
Bem
Foi
Só
Nú
Pó
…
..
.
Categoria: Poesia


o marujo perde o amor
em um dia de janeiro
sofre e chora o ano inteiro
e esquece o bom de amar
o marujo sente a dor
foi-se nobre companheiro
canta e reza ao padroeiro
sua fé no dom do mar
o marujo quer sonhar
que a noite é passageiro
pro destino derradeiro
entre estrelas e o luar
o marujo quer voar
o lindo céu de brigadeiro
sábio mestre foi guerreiro
navegando pelo ar
marejou olhando o mar
renasceu no alvorecer
entardeceu junto com o sol
anoiteceu no luar
o amor
a dor
a sorte
ensinaram a sonhar
[sfz] Sergo França
Tormento sagrado
Rabisca espelhos
Batons vermelhos
Lugares fechados
Desejo estancado
Recados mandados
Olhares flexados
Reflexos selados
Desejuns gelados
Alimentos suados
Joelhos dobrados
Corpos trançados
Ardor descuidado
Dons desatinados
Lençois molhados
Desejo consumado
Minuto consumido
Segundos parados
Ponteiro inimigo
Pensamento velho
Sentimento alado
Tormento sagrado
Amores revalados
Dois apaixonados

Mil histórias, um destino
Muitos lugares, nenhum lar
Paixões perenes, um amor
Memórias feitas pra lembrar
O tempo passa, a vida voa
Não teve tempo de esperar
A esperança foi na frente
Abriu caminhos pra sonhar
Subiu montanhas sem destino
Saltou das pedras para o mar
Correu a pé pelos instintos
E viu a vida transformar
Quando a verdade fez sentido
Sentiu as pernas balançar
Não tinha medo do acaso
Pois já podia acreditar
Trilhou em paz o seu caminho
Venceu mil guerras sem lutar
Era só esse o seu destino
História escrita pra contar
Talhou na sorte o seu destino
Sentiu amor ao se encontrar
Amou com todo o coração
Viveu mil vidas para amar
Seguiu a fé pelos caminhos
Foi devagar sem divagar
Quão leve e belo o seu destino
De quem nasceu só para amar
Uma história, mil destinos
Muitos lugares em um lar
Lições eternas de amor
De quem nasceu para amar

Vivemos o amor tão estranho
Sofrimento é só dor sem cura
A infelicidade de depois…
… é dor agora!
Já são duas da manhã:
Esperando o amanhã,
Esperando o sol brilhar,
Esperando…
Esperando… você chegar.
Um lamento,
Mil tormentos:
Sonhar com você.
Acordar sem você..
Você se foi…
Agora, o depois:
Adeus!
Amém.

Cinzas de fotografias,
queimando histórias pelo ar.
Cinzas de toda cidade,
de memórias de amar,
de cinzeiros de conversas,
de promessas de amor,
de celeiro de promessas,
saudades,
dor,
cinzas…
cor…
Meia-noite e cinco
Vamos embora ou perderemos o metrô.
(Chegou a hora do que era amor voltar a ser dor.)
Dor de saudade, dor que não passa
Passa metrô, passa. Passou.
E agora que já é tarde para viver o tempo que não tivemos para entender o que não sabíamos como que viria a ser.
Agora é. Agora tarde. Agora é triste. Agora é medo.
– Que maldade! Mas, amor não tem idade, não morre de velhice, não termina assim.
Não nasce, acontece. Não some, permanece. Não grita, enlouquece.
Não se esconde, nem se envaidece. Mente um pouco, finge de louco.
A noite passa e mais um metrô vem e você nem pensa em me deixar.
Vamos embora, dói mas vai passar, como outro metro que vai chegar e partir
Como outra partida de sinuca, como outra cerveja sobre a mesa.
Não vamos deixar esquentar – a cerveja, não. Quente só a cama, o chuveiro, o café.
Pois é. Mais um metro vai passar cheio de gente apressada e esquisita – e que não sabe do nosso amor, pois nunca entenderiam que até a nossa dor também é amor.
Amor que não passa como metro…