… uma simples fotografia. Domingo. Tulipas. O próximo quadro que irei pintar ou, talvez, um poema… Inspiração é a fonte pra respiração em tempos em que o que mais precisamos é respirar… Respirar … Respiramos e diariamente buscamos fontes de inspiração para as coisas… Agora, precisamos inspirar… e se inspirar… Começa a fotografar – pode ser com o celular mesmo… ah, e em preto e branco também, por favor. Pinta um quadro – ou as paredes de casa… Escreva uma carta pra alguém, pra você mesmo e abra daqui um tempo num futuro menos ansioso em dias mais presentes. Dê presentes. Esteja presente. Seja um presente… um presente de Deus! Agradeça por cada dia frio de chega e igualmente pelos dias de sol e suor. Aprenda com a solidão, descubra a solitude. Aceite que você pode ser tão especial a ponto de nem se ligar em tudo que poder ser e fazer… Seja um poema de domingo pra alguém. Tenha fé na grandeza das pequenas coisas da vida. A felicidade é simples. E viver é ter a dádiva de a cada dia poder inspirar… Respirar…
Mês: junho 2020

Uma sensação estranha e doce por perceber a vida num certo descompasso entre o tempo e o momento: o tempo parece estar passando no seu tempo; o momento padece em lembranças mais curtas. Estamos encontrando mais tempo pra coisas para as quais nunca tínhamos tempo – desde que chegou o momento de usar o tempo que se tinha a mais… Pára. Para pra pensar: para de pensar. Pensar é penar. Pensar é um étero viver sem saber onde se vai chegar… Quando se vai… Quando se vai estar… Precisamos perceber… Por que agora existe beleza onde parece nunca ter existido? Perceber… Dar ouvidos mais atentos a quem fala e olhos mais focados no que se vê… Não temos todo o tempo do mundo, pois até o mundo é finito; o tempo, não. O infiito é um momento qualquer que existe quando a gente encontra no tempo o instante em que a simplicidade se revela bela, nas coisas que nem sempre tivemos tempo pra perceber, ver, sentir, ouvir, falar… ser. Fluir. Flutuar. Planar. Voar… Insensata loucura essa doçura de divagar devagar como quem dança com a lucidez… Talvez, esta equação bruta de prever o voar de borboletas nessa disparidade de contexto e conceitos em que está o mundo – cheios de universos soltos, loucos, roucos de gritar por amanhãs… Somos universos onde o tempo e o momento se corrompem e se conjugam, como átomos em atrito… Bebemos desse licor de éter e, embriagados, buscamos o que ainda não encontramos…
Ser o tempo e estar no momento; estar no tempo e ser o momento. Só.