Resignado, buscou encontrar um (re) significado para a vida – e pára, amor! Já chega! O destino trouxe de bandeja o que o tempo demorou demais por fazer. Agora, precisa crer no que lhe parece impossível: viver só, bater o pó da auto-estima, (re)encontrar a rima que combina com o compasso do seu coração, (re)conhecer a mina e seus laços vermelhos – de batom no espelho borrado de declaração de amor -, (re)definir o valor de cada segundo nesse mundo imundo inundado de flores, (re)combinar as cores e os atos, (re)equilibrar os pratos e seguir caminhando nessa corda bamba que todo amador desafia cruzar… Recolher as peças de Lego, inflar [um pouco] o ego, tirar as chuteiras do prego e recomeçar. O mundo agora é o seu lar. Ele vai encontrar uma dor maior que essa depois, talvez, só pra esquecer… Só pra esquecer… Só.
Ano: 2017 Page 2 of 3

Resignado, buscou encontrar um (re) significado para a vida – e pára, amor! Já chega! O destino trouxe de bandeja o que o tempo demorou demais por fazer. Agora, precisa crer no que lhe parece impossível: viver só, bater o pó da auto-estima, (re)encontrar a rima que combina com o compasso do seu coração, (re)conhecer a mina e seus laços vermelhos – de batom no espelho borrado de declaração de amor -, (re)definir o valor de cada segundo nesse mundo imundo inundado de flores, (re)combinar as cores e os atos, (re)equilibrar os pratos e seguir caminhando nessa corda bamba que todo amador desafia cruzar… Recolher as peças de Lego, inflar [um pouco] o ego, tirar as chuteiras do prego e recomeçar. O mundo agora é o seu lar. Ele vai encontrar uma dor maior que essa depois, talvez, só pra esquecer… Só pra esquecer… Só.

Enfim, chegou ao fim, mas ainda sentia o perfume e tinha o costume de acordar e admirar o sol nascer naquele olhar. Guardou os sonhos e de vez em quando sonhava os planos, Fim. Chegou o fim. Sabia que não tinha volta, mas se esqueceu a esperar, como barco ancorado na areia que nunca navegou por outro mar. Acabou. Sabia que era esse seu cruel desterro, como farol trancado numa ilha que nunca mais brilhou… Nunca mais.

A questão era e sempre foi uma só: ir. Foi, mas não deixou partir. Ousou dizer adeus. Deixou um pouco de sí e levou pedaços quando desfez os laços que criou e deixou flâmular na brisa mais tenra. Foi. Estava cansado de não ter razão de estar. Queria detestar viver assim, mas não conseguiu, pois seria como remar num rio sem margens – e isso já era demais para a sua linhagem revestida de bravura. O tempo cura. Foi e nem olhou para o mapa, nem lembrou do tapa, só deixou o rastro da capa no chão, o pulso do coração na mão, a lembrança do caminho que nunca cruzou, do ninho que não o acolheu. Foi tudo ilusão, então? Viagem sem destino, (des)aventuras, luzes e mente no vermelho. Destino atroz, um trem veloz vai chegar para estancar seus pensamentos, laços desfeitos… Foi.

São ciclos. Começam onde terminam – e quando se vê, recomeçam. Talvez, no meio d’algum desses você esteja pensando nas vezes que seguiu em frente por estradas que não lhe pertenciam – e ficou mais forte; ou das vezes que desistiu e partiu mesmo sem rumo, sem plumo, planando como pluma ao sabor do vento, lento, brisa leve, breve como a vida de uma pipoca, como sopro de um bebê antes do primeiro choro, como assopro sobre a chama das velas do bolo de aniversário, como assobio pra moça faceira atravessando a rua de saia e cabelo samambaia, como fôlego de amantes sob a lua, como suspiro derradeiro no leito, como silêncio de um coração no peito… Partiu. Andou por caminhos em desalinho, como equilibrista na corda meio bamba, como quem pára no tempo [respira] e declina diante das (re)possibilidades de ser feliz e fazer o que sempre quis… Há quem alimenta pombos na praça e faz pirraça com o tempo – porque a vida parece pipoca: ploc!

A gente vive encanando com coisas que não trazem o menor encanto. A gente vive buscando encontrar encanto em coisas velhas que foram jogadas de canto, em pessoas de almas amarrotadas, em histórias sem pé nem cabeça, de começo sem fim. Por fim, sabemos que no fim, da avenida, da vida, do filme, do refrão, vem a questão e vamos finalmente entender que não se deve partir – pessoas e corações. Nesse dia, talvez – quem sabe – estaremos de joelhos diante do espelho, com medo de se olhar nos olhos e se perguntar: e aí?

A gente vive encanando com coisas que não trazem o menor encanto. A gente vive buscando encontrar encanto em coisas velhas que foram jogadas de canto, em pessoas de almas amarrotadas, em histórias sem pé nem cabeça, de começo sem fim. Por fim, sabemos que no fim, da avenida, da vida, do filme, do refrão, vem a questão e vamos finalmente entender que não se deve partir – pessoas e corações. Nesse dia, talvez – quem sabe – estaremos de joelhos diante do espelho, com medo de se olhar nos olhos e se perguntar: e aí?

É (quase) sempre assim: a moça, o moço, a cidade e suas infinitas convenções. A vida é curta; a cidade, gigante e num instante acontece: alguém precisa de uma serenata, um beijo, um bombom, um abraço, um aperto, um amasso, um bilhete, um descompasso de coração com frio de bater de asas de borboleta na barriga para provocar um furacão na cabeça de quem se esquiva das paixões. Todos os dias caminhos cruzados deixam uma suave impressão de que o cupido anda cansado ou distraído. Tem muita gente construindo muitos muros, se fechando em quartos escuros, se lambendo para manter o ego maior e mais irrigado do que o coração. Sempre tem uma canção que diz sobre o amor e outras coisas. Óculos, pés descalços, descaso com o acaso. Mais uma espera pelo momento certo. Mais uma crença na pessoa certa. O destino sempre espera pelo tempo ao passo que o tempo voa como pluma, se dissipa e se perde, como acordes de um violão no meio da multidão passanda rumo ao meio dia até pra chegar a sexta-feira e celebrar o que há de melhor na vida… O que há de melhor na vida Com sorte, há de ser alguém normal que goste de você com todos os seus defeitos, que se encaixe como peça de Lego na sua vida; que de derrame como tinta de nanquim na sua agenda; que se espalhe como acordes de violão agora ao pé do seu ouvido; que entrelace os dedos e desejos; que, talvez, não compre flores nem tenha band-aid – e nem diga que te ama -, mas em silêncio te traga sonhos e café, te ajude a ter fé e acreditar todos os dias que a vida, o mundo, tudo… é bonito… E assim você perceba, com um sorriso de canto, quanto encanto há em ter alguém para amar…

… uma manhã cinzenta de chuva e fria de sombras faz a gente pensar que nem todos os dias podem ser de sol, assim como nem todas as pessoas [ou coisas] podem ser boas. Essa é uma condição de (des)equilíbrio necessária e da natureza e suas infinitas convenções. A única coisa capaz de transformar nossa história, é ouvir e aprender o que é bom, e logo em seguida, praticar. Faça chuva; faça sol.

Enxergava muito além do universo em que estava. Muitos trambiques para espantar a solidão dos dias, entre os carros, como escravo da própria mente e de gente apressada que nunca viu ele dar risada – e há muito tempo ele já nem sabia mais o que era sorrir. Não tinha razão. Era (só) a razão. O mundo dando voltas e ele às voltas numa rebelião sem história, como um samba triste sem letra, como dedo em riste apontando um culpado, como solo sagrado para um ateu, como feriado que cai no domingo, como pecador de cai de joelhos e chora. Devagar. O compasso mudou e o passo rumo à outro destino menos atroz deu voz a seu coração… E pela primeira vez ele o seguiu sem nem querer saber até onde iria chegar. Simplesmente foi.