O necessário e um pouco mais.

Mês: novembro 2017

Sexta

O que há no calor das chamas que atrai e repele?

O que tem no cheiro dos lençóis bagunçados no fim de semana?

Quanto tempo dura um filme pra dois abraçados no sofá?

Deixa chover, pode chorar. Não adianta pensar no que não foi.
Foi.

Sexta-feira, derradeira chance de um lance diferente acontecer com essa gente que sempre esquece o que é viver: a-mar.
Amar.

Amar como vela feita pro mar; como surfista. Amar com as cores e a leveza de pipas. Amar como estrela que morre e deixa sua luz, que reflete na lágrima da noiva sobre o véu que o pai conduz. Amar como o mar: quase infinito, profundo. Amar como quem dançar na chuva sem medo de resfriado, sem pensar no que os outros vão pensar. Amar e se amar porque é assim que foi [é] feito pra ser. … e pra durar – não uma eternidade, talvez – mas se acabar, que seja como poeira num show de axé ou de estrelas em rastros de luz… Buzina!
A cabeça acelera a milhão e foge do coração escaldado batendo sufocado pra lembrar que a vida está aí – e ainda bem que chove pra você dançar na chuva.

Não precisamos de guarda-chuva, nem de lágrimas na chuva. Viajar entre os fones, pode! Então, se curva diante do tempo e pede um momento pra recombinar os atos, apagar os hiatos, realinhar os astros que seja, pra você rabiscar roteiros impensados, paixões de cinema, trilhas e temas… Copo quebrado, gargalhadas!

Voltou pra casa como quem esperasse [re]encontrar um lar ou mares salpicados de poeira de estrelas ou ainda um bar com mesa na calçada ao ceú forrado de lâmpadas elétricas suspensas pelo infinito… Viajou de mochila por universos de sí e parou no sofá. Adormeceu, inerte às luzes e histórias da TV.
Sonhou, era um dia de sol: porque um dia de sol é melhor do que uma noite de chuva… Só.

Perseguimos desejos que não fomos ensinados a lidar, sonhamos sonhos que nem sempre temos a capacidade de realizar e buscamos o amor sem nem contemplar o alvorecer.
O que vai ser quando o tempo passar?
Onde vamos estar quando invernos e segundos trouxerem neve para a nossa cabeça?

Deixa.
Deixa como está, mas a gente precisa parar.
Existe um iato tênue entre um instante e mais uma foto na estante, sobre o piano ou em mais um documento – novo, de novo. A gente meio que se acostumou a… perder.
Perder documento, acontece; perder um amor pra vida, também.
Sem documento e sem lenço.

Perdemos o trem, o plumo e os planos. Seguimos em frente percebendo a cidade envelhecer e a vida trazendo outros rumos.
Segunda via, lenços de papel, lágrimas recicláveis, esquinas, placas, olhos, terminais, festas, frestas, sinais… A gente só precisa parar e observar…

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