A gente vive encanando com coisas que não trazem o menor encanto. A gente vive buscando encontrar encanto em coisas velhas que foram jogadas de canto, em pessoas de almas amarrotadas, em histórias sem pé nem cabeça, de começo sem fim. Por fim, sabemos que no fim, da avenida, da vida, do filme, do refrão, vem a questão e vamos finalmente entender que não se deve partir – pessoas e corações. Nesse dia, talvez – quem sabe – estaremos de joelhos diante do espelho, com medo de se olhar nos olhos e se perguntar: e aí?
Mês: junho 2017

A gente vive encanando com coisas que não trazem o menor encanto. A gente vive buscando encontrar encanto em coisas velhas que foram jogadas de canto, em pessoas de almas amarrotadas, em histórias sem pé nem cabeça, de começo sem fim. Por fim, sabemos que no fim, da avenida, da vida, do filme, do refrão, vem a questão e vamos finalmente entender que não se deve partir – pessoas e corações. Nesse dia, talvez – quem sabe – estaremos de joelhos diante do espelho, com medo de se olhar nos olhos e se perguntar: e aí?

É (quase) sempre assim: a moça, o moço, a cidade e suas infinitas convenções. A vida é curta; a cidade, gigante e num instante acontece: alguém precisa de uma serenata, um beijo, um bombom, um abraço, um aperto, um amasso, um bilhete, um descompasso de coração com frio de bater de asas de borboleta na barriga para provocar um furacão na cabeça de quem se esquiva das paixões. Todos os dias caminhos cruzados deixam uma suave impressão de que o cupido anda cansado ou distraído. Tem muita gente construindo muitos muros, se fechando em quartos escuros, se lambendo para manter o ego maior e mais irrigado do que o coração. Sempre tem uma canção que diz sobre o amor e outras coisas. Óculos, pés descalços, descaso com o acaso. Mais uma espera pelo momento certo. Mais uma crença na pessoa certa. O destino sempre espera pelo tempo ao passo que o tempo voa como pluma, se dissipa e se perde, como acordes de um violão no meio da multidão passanda rumo ao meio dia até pra chegar a sexta-feira e celebrar o que há de melhor na vida… O que há de melhor na vida Com sorte, há de ser alguém normal que goste de você com todos os seus defeitos, que se encaixe como peça de Lego na sua vida; que de derrame como tinta de nanquim na sua agenda; que se espalhe como acordes de violão agora ao pé do seu ouvido; que entrelace os dedos e desejos; que, talvez, não compre flores nem tenha band-aid – e nem diga que te ama -, mas em silêncio te traga sonhos e café, te ajude a ter fé e acreditar todos os dias que a vida, o mundo, tudo… é bonito… E assim você perceba, com um sorriso de canto, quanto encanto há em ter alguém para amar…

… uma manhã cinzenta de chuva e fria de sombras faz a gente pensar que nem todos os dias podem ser de sol, assim como nem todas as pessoas [ou coisas] podem ser boas. Essa é uma condição de (des)equilíbrio necessária e da natureza e suas infinitas convenções. A única coisa capaz de transformar nossa história, é ouvir e aprender o que é bom, e logo em seguida, praticar. Faça chuva; faça sol.