Um vermelho desses de batom barato borrado de desejo, de luz de bordel no fim de noite, de dose de Campari no copo sujo, da fumaça dos inferninhos dos pecados da cidade, do lenço do barão, do lençol do motel, do vinho no terraço… Som no tom das dores do mundo, dos gemidos da melhor amante, dos gritos da massa revoltada, das tardes de chuva fria e cinza, das torcidas, do coração pulsando em dó, da soprano de vestido vermelho cantando Lakmé, do blues sincopado mais triste do mundo, de improviso, como diva de casaco vermelho que desce a Augusta desviando dos bêbados e dos amores inacabados, de salto alto, de quem chega sem avisar e arranca suspiros, de batom rasgando o espelho com o recado do fim, do desterro, de quem parte pra nunca mais voltar, de inspiração eterna e pura… Muito prazer, Helen.