Não tava nem aí. Sol da noite, flor da noite. Sorriu sob a sorte dos segundos de relógio digitais, passou um dia bem estranho para terminar assim, numa noite tão linda… Um jeito simples no olhar e no caminhar sinalizavam uma certa vontade de parar num bar desses com mesas na calçada, sentar, pedir uma cerveja e decidir sobre a vida até o horário do último coletivo. Um dia de semana qualquer, só mais um, nada de especial além do fato de que naquele instante sucumbiu à uma incontrolável vontade de mudar as coisas. E resolveu começar logo pela vida mesmo, como quem formata um computador, sem cópia de segurança. Muitas andanças se deram até chegar ali, naquele bar, naquele segundo copo, naquele corpo descansado de tantos espelhos, mas com um olhar atento para perceber o melhor da vida. Passa um casal feliz, um cão esperto atravessa a rua desviando do malabarista no sinal. Umas notícias esquisitas na banca de jornal. No entanto, já estava talhada pelas coisas que o mundo faz pra ser notícia no jornal. Pediu outra, agora mais gelada. Sorriu discretamente pra si e agradeceu pra alguém erguendo o copo naquele espaço entre o seu sorriso e o mundo… Enfim, encontrou, meio àquela sinfonia urbana, entre faróis e lençóis, o seu momento de paz.
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