O menino na selva de pedra, olhando pro céu como quem caça pipas, inerte diante da massa movediça de carros da rodovia. Que agonia é ter que dividir o seu quintal com tanta gente louca, sempre apressada, que passa, acelera, fecha de pirraça, transita – ou parasita – por alí sem nem perceber o menino brincar, sem nem aceitar que o tempo passou, que já foi criança, que na lembrança não tem pião, bola de gude ou rolimã… Segunda, fim de tarde, um menino, pipas no céu, pés no chão… Lá vai – lá doutro lado – um homem, um coração na mão…