Meia-noite e cinco
Vamos embora ou perderemos o metrô.
(Chegou a hora do que era amor voltar a ser dor.)
Dor de saudade, dor que não passa
Passa metrô, passa. Passou.
E agora que já é tarde para viver o tempo que não tivemos para entender o que não sabíamos como que viria a ser.
Agora é. Agora tarde. Agora é triste. Agora é medo.
– Que maldade! Mas, amor não tem idade, não morre de velhice, não termina assim.
Não nasce, acontece. Não some, permanece. Não grita, enlouquece.
Não se esconde, nem se envaidece. Mente um pouco, finge de louco.
A noite passa e mais um metrô vem e você nem pensa em me deixar.
Vamos embora, dói mas vai passar, como outro metro que vai chegar e partir
Como outra partida de sinuca, como outra cerveja sobre a mesa.
Não vamos deixar esquentar – a cerveja, não. Quente só a cama, o chuveiro, o café.
Pois é. Mais um metro vai passar cheio de gente apressada e esquisita – e que não sabe do nosso amor, pois nunca entenderiam que até a nossa dor também é amor.
Amor que não passa como metro…
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